São Paulo avança na descarbonização com ônibus elétricos, biometano e gestão sustentável de resíduos

Associação Paulista de Municípios

São Paulo avança na descarbonização com ônibus elétricos, biometano e gestão sustentável de resíduos

28 de agosto de 2025

A descarbonização já deixou o campo das discussões e metas futuras e entrou em fase de implantação. Essa é avaliação de gestores públicos, representantes de empresas e concessionárias de serviços públicos que participaram do painel “Cidades Resilientes: Transporte Público Sustentável e Gestão Integrada do Carbono”

Mobilidade limpa na maior frota de ônibus do Ocidente

Com 13.336 ônibus em operação e 7 milhões de passageiros transportados por dia, São Paulo enfrenta o desafio de modernizar a maior frota de transporte coletivo do Ocidente. O secretário-adjunto de Mobilidade Urbana e Transporte, Rafael Mangeron, destacou que a Cidade já tem 918 veículos movidos a energia limpa.

“Cada ônibus elétrico economiza 35 mil litros de diesel por ano e reduz em até 106 toneladas a emissão de CO₂. Estamos falando de benefícios ambientais equivalentes ao plantio de 6.400 árvores por veículo”, afirmou.

Segundo ele, a meta é atingir 2.200 ônibus limpos até 2028, utilizando também o biometano como combustível alternativo. O plano é apoiado por um financiamento de R$ 6 bilhões, com recursos do BNDES, Banco do Brasil e até aportes internacionais, como US$ 100 milhões do Banco da China.

Outro destaque foi o transporte hidroviário Aquático, em operação na Zona Sul, que já atendeu meio milhão de passageiros. “Ele reduz o tempo de viagem de uma hora e meia para apenas 17 minutos, integrado ao sistema de ônibus sem custo adicional”, disse. O projeto prevê expansão até 2028, com novos terminais.

A transição para energias renováveis também passa pela regulação do gás canalizado e do biometano, tema apresentado por Amauri Gavião, diretor da Regulação Técnica e Fiscalização dos Serviços de Distribuição de Gás Canalizado da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp). Ele lembrou que o Estado já conta com quatro plantas de biometano. Uma delas, a de Cocal, já está em operação, e outras três estão em funcionamento próximo do funcional (Piracicabana, Paulínia e Santa Cruz).

“O biometano tem capacidade de substituir até 95% das emissões de combustíveis fósseis no transporte pesado. Estamos estruturando corredores sustentáveis e hubs de abastecimento que vão apoiar não apenas ônibus, mas também caminhões e frotas municipais”, explicou.

A Comgás reforçou sua aposta na integração entre gás natural e biometano. A gerente de Relações Institucionais, Núbia Batista, destacou que 75% das garagens de ônibus já estão conectadas à rede da empresa. “Estamos a apenas um quilômetro da cobertura total. Esse é o ponto-chave para que o biometano abasteça toda a frota de São Paulo”, justificou.

Já o diretor-executivo Estratégia e Suprimento de Gás da Necta, Rafael González, destacou a expansão da rede para o interior do Estado. “O biometano não é só uma alternativa: é o futuro da mobilidade limpa no estado”, complementou.

Gestão de resíduos

A sustentabilidade também foi abordada pela Loga, responsável pela coleta e tratamento de resíduos na Região Noroeste da capital paulista. O diretor-presidente da empresa, Domênico Barreto Granata, apresentou as inovações previstas no contrato renovado até 2044.

“Estamos substituindo toda a frota por veículos elétricos e a gás. Já temos carretas e caminhões elétricos em operação, com até 95% de redução na emissão de poluentes”, afirmou.

A Loga atende 2 milhões de domicílios e 26 mil estabelecimentos, com uma coleta diária de 6 mil toneladas de resíduos. Entre os projetos em andamento estão uma nova estação de transbordo no Jaguaré e programas de coleta mecanizada em áreas de difícil acesso.

Granata destacou ainda a circularidade: parte do lixo orgânico é transformado em biogás, usado para abastecer os próprios caminhões de coleta. “É o resíduo virando energia para alimentar o serviço que o recolhe”, explicou.

O próximo passo será a implantação dos ecoparques, onde serão feitos o tratamento de resíduos. “Vamos ter unidade de compostagem, unidade de biosecagem, biodigestor e triagem com separação mecanizada. No final, teremos uma incineração, que é uma unidade de recuperação energética, fechando um ciclo ao devolver energia às casas”, explicou.