O primeiro dia do 65º Congresso Estadual de Municípios, em Ribeirão Preto-SP, terminou com o painel sobre “Marketing Político e Direito Eleitoral”, com a participação de profissionais da área da comunicação e da advocacia.
O cientista político Kleber Santos, consultor credenciado pela ABCOP – Associação Brasileira de Consultores Políticos – destacou o potencial da propagação de notícias negativas na campanha de um candidato. “A disseminação é muito rápida e as informações não são confirmadas. Isso pode impactar na reeleição de prefeitos, por exemplo. Todos aqui conhecem um bom prefeito que não conseguiu se reeleger, e isso tem um motivo”, relatou.
Santos afirmou que as emoções são construídas na cabeça do eleitor na preferência para um certo governante. “O marketing eleitoral deve ser pensado com base nessas informações. Por trás de tudo tem que ter alma, tem que ter emoção e sentimento, com a necessidade de se contar histórias e firmar conexões afetivas com seus eleitores”, alertou.
Pablo Nobel, sócio-fundador da agência PLTK, já realizou nove campanhas presidenciais e, recentemente, conduziu a campanha vencedora do governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Ele acredita que a comunicação política, atualmente, conta com muita “improvisação”. “Isso pode causar receio e dúvidas nos eleitores. Toda campanha não é uma guerra de argumentos, mas sim uma guerra de impressões. Na campanha política existe uma tendência de que o argumento é rei, que transforma a experiência do leitor. Mas a comunicação não verbal fala muito alto. Apenas 7% do que a gente diz é percebido pelo outro. Os outros 30% diz respeito ao tom de voz, como se fala e etc. O ser humano precisa fazer conexões”, salientou Nobel.
Giuliano Salvarani é sócio-fundador da Baila Politics São Paulo e, no painel, discutiu sobre a influência digital e influenciadores. “A internet não é o futuro, é o presente. Mas ser bom na internet não garante a eleição de ninguém. É necessário equipe técnica e treinamento de toda equipe por trás da imagem de um candidato. É preciso tempo e paciência, pois é construção a longo prazo”, declarou.
David Silva, vice-presidente de relações institucionais da Adag Comunicação, palestrou sobre a reeleição de prefeitos e apresentou números extremamente positivos. “Mesmo com a maior crise sanitária mundial, os prefeitos bateram recorde de reeleição. Isso tem papel incisivo nas relações públicas. Os prefeitos precisaram falar com a população com muito mais frequência e cuidado. O único serviço que consegue impactar 60% da população é a comunicação”, comentou.
Ressaltando a importância de mais mulheres ocupando espaços na comunicação política, Deniza Gurgel, jornalista especialista em Estratégia e Posicionamento Digital, ressaltou a diferença dos posicionamentos de marca numa comunicação política. “Marca é o que as pessoas estão falando de você nas redes sociais. Já se preocuparam no que seus eleitores falam sobre vocês? Oito em cada 10 eleitores não lembram quais foram seus votos. Você precisa mostrar para esses 80% que você foi uma boa escolha e merece ser lembrado”, afirmou.
Também estiveram presentes na mesa: Silvio Salata, presidente da Comissão Eleitoral da OAB/SP (Ordem dos Advogados do Brasil); Renato Ribeiro de Almeida, coordenador acadêmico da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político; e Flávio Henrique Costa Pereira, advogado especialista em Direito Público e Eleitoral. Todos compartilharam sobre as diretrizes do direito eleitoral, além de cuidados para a efetiva candidatura dos candidatos e sobre assuntos partidários.
Texto: Luísa Campos, estagiária UNIFAE