Com Padilha de volta ao Ministério da Saúde, Mais Médicos terá reforço em São Paulo

Novo edital prevê contratação de 373 profissionais no estado; gestores municipais têm até 24 de março para aderir ao programa, que agora integra o prontuário eletrônico do SUS

O Ministério da Saúde anunciou, sob o comando do recém-nomeado ministro Alexandre Padilha, a expansão do Programa Mais Médicos com a contratação de 2.279 profissionais em todo o país. Desse total, 373 médicos serão destinados especificamente ao estado de São Paulo, fortalecendo o atendimento à população na atenção primária e especializada.

Padilha reassumiu o ministério em 6 de março, sucedendo Nísia Trindade, e traz em sua bagagem uma longa experiência no setor, tendo coordenado o lançamento inicial do Mais Médicos no governo Dilma Rousseff. O retorno de Padilha é visto com expectativa positiva pelos gestores municipais e representantes do setor filantrópico, que aguardam avanços na saúde pública e melhor interlocução com o governo federal.

Os municípios interessados têm até o próximo dia 24 de março para aderir ao edital através do sistema e-Gestor. O resultado final da seleção será divulgado em 8 de abril. A nova fase do Mais Médicos prevê também vagas afirmativas para profissionais negros, quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência, em um esforço para promover equidade étnico-racial na saúde pública.

“Essa expansão do Mais Médicos é fundamental para reforçar a capacidade das prefeituras em oferecer serviços básicos e especializados. A integração com o prontuário eletrônico do SUS vai otimizar o encaminhamento e reduzir os tempos de espera para consultas e exames”, afirmou Alexandre Padilha ao assumir o ministério.

Fred Guidoni, presidente da Associação Paulista de Municípios (APM), celebrou a ampliação do programa, mas ressaltou a necessidade contínua de apoio aos municípios. “É um passo importante para os gestores municipais paulistas, que enfrentam dificuldades históricas em saúde. Porém, é crucial que o Ministério também garanta apoio financeiro e logístico para a implementação plena do programa nas cidades”, ressaltou.

Padilha enfrenta desafios que vão além da atenção básica, incluindo questões complexas relacionadas à saúde suplementar, medicina diagnóstica e ao custeio de instituições filantrópicas. Edison Ferreira da Silva, presidente do Sindicato das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo (Sindhosfil), destacou preocupações com encargos tributários e financeiros enfrentados pelas instituições.

“A experiência de Padilha é bem-vinda, porém esperamos também soluções concretas para desafios financeiros que as instituições enfrentam, especialmente em relação ao custeio dos encargos tributários do piso salarial da enfermagem”, afirmou Silva.

Além disso, entidades como a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) também esperam maior diálogo com o ministério, especialmente sobre questões como inovação tecnológica e melhorias regulatórias na saúde suplementar.

Atualmente, o Mais Médicos atende mais de 66 milhões de pessoas em cerca de 4.500 cidades, cobrindo 81% do território nacional, com uma histórica presença nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).